A experiência internacional é um diferencial que pode mudar totalmente a maneira na qual o empresário gere o seu negócio.
Aqui no nosso blog, sempre comentamos da importância de obter conhecimento sobre as maneiras e práticas do mercado internacional caso você tenha o desejo de internacionalizar sua empresa ou marca.
Para falar um pouco sobre este tema nós trazemos hoje o sócio fundador da marca Lucas Caldeira, com mais de 8 anos de experiência na área de Exportação e que hoje gere sua empresa de confecção Kehlu e tem uma vasta experiência e vivência internacional, na qual agregou conhecimento e hoje aplica em seu negócio.
Lucas, bem vindo ao nosso blog! É uma honra poder tê-lo aqui conosco.
Conte um pouco para nós sobre suas experiências internacionais e como elas te moldaram para o profissional de hoje.
Primeiramente é um prazer poder compartilhar um pouco das minhas experiências com o público do seu blog! Bom, eu costumo dizer que minha vida mudou completamente quando eu estourei a bolha e entendi o quão grande o mundo é, e como ele é cheio de oportunidades. Minha primeira experiência internacional foi no final da minha adolescência começo da vida adulta. Tive a oportunidade de passar 45 dias fazendo um trabalho voluntário em um hospital em Guangzhou na China. Na época, eu tinha 17 anos e foi como se eu descobrisse um mundo que nunca pensei que existia, um mundo diferente do que eu vivia na pacata Votuporanga, à qual sou natural. A partir desse gatilho não conseguia enxergar minha vida em nada que não me trouxesse essas experiências e me fizessem um ser humano diferente, e hoje enxergo o quanto foi importante esse gatilho para que eu me tornasse o profissional que sou hoje. Após essa experiência, terminei o Ensino Médio e fui para o mercado de trabalho, sempre com a gana de conhecer o mundo e fazer a diferença. Passado algum tempo, tive a oportunidade de liderar um departamento de exportações de uma empresa do ramo da confecção, que para ser bem sincero, foi um grande desafio que me apareceu aos meus 18 anos, sem experiência alguma e tentando desvendar os mistérios do Comex, e de lambuja pegando um departamento que já era “inexistente” dentro da empresa depois que uma profissional chave saiu do departamento. Foi um desafio, mas abriu os horizontes para mim. Foram 5 árduos anos, pegando o departamento com apenas 3 países ativos e saindo da empresa com 24 países recebendo os produtos. Acredito que foram 5 anos de muito aprendizado e de entender um pouco mais o quão importante é a internacionalização para uma empresa. Depois desses 5 anos nessa empresa, tive a oportunidade de ser convidado a trabalhar em uma distribuidora de produtos brasileiros nas Ilhas Bermudas. Esse convite foi assustador, mas ao mesmo tempo me mostrou uma nova forma de trabalho. Trabalhar em uma empresa de cultura de diferente agregou e muito para o sucesso da minha marca hoje, fora praticamente 2 anos nessa empresa, com muitas viagens, feiras e explorações por vários países o que me fez girar a “chavinha” e pensar em investir em um negócio próprio. Com isso, surgiu a Kehlu Brasil, uma empresa criada com uma mentalidade voltada ao mercado internacional. Hoje 85% do meu faturamento é para o mercado internacional, o que foi um diferencial para que conseguíssemos passar pela crise da pandemia sem muitos traumas.
Você acredita que a sua vivência em Bermudas colaborou em que sentido para a sua visão sobre a maneira no qual o empresário brasileiro gere sua empresa e o Americano?
Com toda certeza ajudou e muito. O empresário brasileiro tem uma visão muito cerceada e pautada somente na economia brasileira. Muitos empresários têm medo da incerteza do mercado internacional, e também dos desafios que ele trás. Diferente do empresário de fora, que já nasce com um olhar macro, sabendo o quão importante é para sua empresa e para economia de seu país explorar novos mercados e tentar trazer capital de fora para a empresa. Além disso, a forma de trabalho, os processos, a maneira de encarar os investimentos a serem feitos, tem um crivo muito mais apurado, acho que muito pela formação desde à educação básica que presa fomentar o empreendedorismo nas crianças. Pegamos como exemplo uma situação que é possível ver em filmes e séries e que nos parece meio fora da realidade. As crianças em alguns países são provocadas desde sempre a empreenderem, seja na venda da famosa limonada na frente de casa, até mesmo as grandes “garage sales” que ensinam que até mesmo algumas coisas que não teria mais uso para elas, outras pessoas podem usufruir. Tudo isso forma pessoas, profissionais e empreendedores com uma cabeça diferente, pois desde cedo é ensinado que empreender é bom e importante. E viver todas essas experiências de perto, morando em outro país e até mesmo conhecendo como outras culturas trabalham, nas minhas viagens por esse mundo, me fizeram um novo profissional e foram moldando o Lucas empreendedor de hoje.
Hoje você consegue aplicar todo este conhecimento na Kehlu?
Acredito que tento ao máximo aplicar em minha empresa tudo que consegui absorver com a vivência lá fora, porém é claro que tudo é aplicado dentro do contexto atual do nosso país, porque infelizmente toda a cadeia de steakholders muitas vezes não conseguem acompanhar e absorver alguns processos que lá fora são muito comuns e que aqui parecem um bicho de sete cabeças, como por exemplo do regime draw-back para empresas exportadoras. É algo muito pouco conhecido por alguns fornecedores, o que torna um pouco mais complicado aplicar esse processo 100% dentro da cadeia produtiva, porém não é impossível, só tem de haver um esforço de vender a ideia para todos.
Pelo que conheço, sua empresa já nasceu internacional pois ela nasceu com muitos clientes internacionais. Conte para nós em quantos países a Kehlu está hoje e quais os próximos sonhos internacionais da marca.
Hoje a Kehlu Brasil é uma empresa jovem ainda, estamos entrando em nosso segundo ano de marca, mas já estamos presentes em 13 países, com o foco até o final de agosto de fecharmos mais 3 novos países. São muitos os desafios que encontramos no mercado internacional, mas ao mesmo tempo é o que move nossa empresa, é levar a label “Made in Brazil” para os quatro cantos do mundo, levando produtos de qualidade, com atendimento de excelência, até porque isso, nós brasileiros, sabemos muito bem explorar. Somos um povo muito comunicativo e cativante e isso ajuda e muito nas negociações, pois principalmente no ramo em que atuo, criar uma conexão com o cliente ao ponto de ele acreditar em seu projeto e ir a frente, apostando em uma marca jovem, mas com grande potencial de conquistar os quatro cantos do planeta, se torna um pouco menos traumático.
Na Kehlu hoje temos muitos sonhos, mas ao mesmo tempo tento lembrar de sempre estar com os dois pés no chão, visto que, o mercado como um todo mudou durante a pandemia e mudará muito mais agora no possível pós pandemia. É importante ter foco, disciplina e tentar ao máximo atingir os objetivos sem grandes traumas para a empresa.
Quais seriam as 5 dicas sobre experiência internacional e empreendedorismo para as pessoas que te admiram e querem seguir o seu caminho?
A primeira dica que eu deixo aqui é para traçar metas e objetivos diários, semanais, mensais e anuais. Quando os objetivos são traçados, são como um guia para que você não saia dos trilhos, além de que, cada objetivo atingido, seja ele o menor, como por exemplo conseguir entregar uma planilha corretamente feita, é motivo para se comemorar, visto que, desde a menor conquista até a maior são importantes para fazer parte do seu caminho de sucesso.
A segunda é de estar antenado no que o mundo está trazendo de inovação. Existem várias ideias, processos e produtos maravilhosos que são criados a cada dia nesse mundo, e muitas vezes se inspirando nesses exemplos conseguimos ser pioneiros dentro do nosso mercado e assim alavancar cada vez mais o nosso Market Share.
A terceira dica é a de investir no mercado internacional, eu costumo dizer que todo o produto é exportável, todo o produto tem seu valor no mercado internacional, o que temos que fazer é buscar esse mercado, é dar um pontapé inicial e começar a explorar um mundo novo para nossa empresa. Eu sempre dou um exemplo clássico, conheço uma empresa aqui do interior de São Paulo que exporta gelo seco para o continente africano, eles acharam uma oportunidade com esse distribuidor lá, de levar os seus produtos para esse mercado que era carente desse tipo de tecnologia. Então o lance é tomar a iniciativa e tentar.
A quarta é uma dica importante que eu aprendi na minha vivência fora. É a de saber diferenciar e enxergar o potencial nos colaboradores chave dentro da empresa. A cultura de onde morei criava um ambiente muito propício para aparecer protagonistas dentro da empresa. Colaboradores que tem um espírito de liderança e que tem vários objetivos em comum com a empresa são o combustível para o sucesso. Dessa forma, conseguir enxergar isso e acentuar os resultados desses profissionais dando protagonismo para eles, se mostra muito eficaz, fomentando o motor da empresa. Ninguém consegue crescer sozinho, e por isso é importante valorizar aqueles que abraçam a ideia e querem fazer a diferente junto com você nesse processo.
A última dica e a mais clichê é não desistir. Todo dia alguém, alguma situação ou algum desafio tenta te desencorajar, porém é importante manter o foco e segui na luta, porque não é fácil, até porque, o que vem fácil vai embora fácil também.